Há dias em que fico furiosa contigo! Tenho vontade de te eliminar de todo o lado da minha vida, de te mostrar que passo muito bem sem ti, que não preciso de olhar para ti nem tão pouco imaginar tudo o que sabes que imagino...
Nesses dias em que fico furiosa contigo, penso que sou muito dona de mim, que afinal estar longe não vai doer mais do que tem doído...mas nesses dias, reparo que não consigo conceber esse estado mais do que fracções de segundo....e então, também reparo, que não são dias que fico furiosa contigo, são apenas momentos, que rapidamente se desfazem e me fazem voltar a sentir tudo novamente, o teu olhar a pedir-me "por favor", o teu cheiro que sinto ao longe sem me poder aproximar muito (sempre por causa de alguém), voltam as lembranças das paredes, das portas, dos tapetes, das mesas, dos sofás, dos cigarros, de cabelos despenteados, de campainhas a tocar que chamam insistentemente por ti...e volta sobretudo a paz, a tranquilidade que não sei de onde aparece, mas que me diz para esperar....
voltas?
sábado, 24 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom... O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Clarice Lispector
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