quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tudo é de repente...sem tempo para assentar

DE REPENTE do riso fêz-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fêz-se espuma
E das mãos espalmadas fêz-se o espanto.

De repente da calma fêz-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fêz-se o pressentimento
E do momento imóvel fêz-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fêz-se de triste o que se fêz amante
E de sozinho o que se fêz contente.

Fêz-se do amigo próximo o distante
Fêz-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção

terça-feira, 25 de janeiro de 2011




Hoje tenho uma vontade de estar a trabalhar que é uma coisa impressionante. Os pensamentos brotam em cada pequeno detalhe que me tente concentrar. Não adianta, não consigo desligar este impulso quase selvagem que  chama para ti...Aqui sentada, rodeada de gente tento disfarçar, mas mesmo sem te sentir por perto, as memórias são avassaladoras...sinto-me corar. As tuas palavras, quase que as sinto tocarem-me no pescoço...o som da tua voz, arrepia-me. Sinto a tua mão a agarrar-me o cabelo, daquele jeito...enquanto o teu sabor me invade...que saudades de ti.
Não fossem os outros à minha volta neste instante...

Silêncio




Diria antes, há uma tristeza num silêncio muito prolongado!